Pesquisar este blog

25 de dezembro de 2011

O Equilibrista

Nem sempre aquilo que a gente sonhou é, realmente, o que a gente sonhou.
Aliás acho que quase nunca. Se a gente sonhou demais ou foi longe, o sonho sempre pega a gente de surpresa quando a gente menos espera, nos nossos piores defeitos, e a água bate tanto até que fura, mas dói. Ninguém quer se livrar daquele sonho antigo, ser modesto, reconhecer que não precisa. 
Fala sério, quem quer isso? Quem quer abdicar do príncipe encantado, da sorte de ganhar na megasena, da mentira de ter um filho perfeito, ou de se crer alguém especial, fodão, az no volante, perigo constante... ou é isso ou é olhar-se no espelho e encarar que comeu rabanadas demais no Natal, e tomou cerveja demais o ano todo, e está barrigudo e chato, e está ficando velho? Ui...
Mas é preciso dirigir os exércitos contra si mesmo, a vida exige isso de tanto em tanto.
Equilibrar as coisas é essencial. Modéstia é essencial. É feito o humor.
A sorte é se a gente sonha pouco - daí o mistério sempre pega a gente na abundância, garantia de sensação de gratidão.
E esse foi o caso do Paul, que realmente mereceu. Pois é um verdadeiro equilibrista, fato.
O Morning Glory viajou muito por aquelas águas do Tirrenio. Eu até tive a coragem (e loucura) de levá-lo com um tripulante inexperiente, sem carta náutica, para a Liguria. Foi o teste máximo de ciúme pro Paul - pelo barco e por mim. Claro que ele não passou - ou melhor, eu não passei.
Mas fui sincera, pois esse tipo de coragem é de minha natureza. E apesar do tripulante ser um italianinho jovem malhado, e bem desejável, eu só queria ir de encontro a ele. Só.  


Nenhum comentário:

Postar um comentário