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19 de novembro de 2011

Liberdade

Salvos pelo gongo. Lá fomos nós embarcados no Maxi Speedy Go, com gente muito alegre e divertida, e Phillipe Barbé, o capitão francês de temperamento suave. Só não dava para falar a palavra lapin - o cara arrancou as receitas de coelho do livro de culinária de bordo - e nem fazer qualquer coisa importante na sexta feira. Superstições do mar, pra que te quero. A rota foi Faial - Gibraltar - Málaga (vinho jerez de primeira) e Antibes. Que barco! Com a empopada dava pra surfar e fazer uns 18 a 20 nós.
E que beleza a Côte D'Azur! 
No Port Vauban, em Antibes (checa o visual), quando sopra o Mistral dá pra ver a neve no topo dos Alpes - com aquele castelo ao fundo, é deslumbrante. Acabamos alugando um apartamento lá porque continuamos trabalhando no Speedy Go... mesmo após a entrega.
Ali, algo muito mágico nos aconteceu. 
Um dia fomos a praia e decidimos, do nada, escalar os remparts (o muro de pedra) da cidade. Quando chegamos em cima, viramos pro lado e pertinho, havia um petrel do mar estatelado no muro, com o olhar super assustado. Imediatamente fomos pegá-lo e constatamos que ele havia perdido a capacidade de vôo, pois estava com patas e parte das asas cobertas de resina de pinheiro - o sul da França é cheio dessas árvores.  
Levamos o pássaro ao barco e começamos a tentar remover a resina. O pássaro, estressadíssimo. Após tentar banho de água e sabão, e álcool, conseguimos remover a maioria com um algodão embebido em tricloro etileno, e finalizamos a operação com polvilho antisséptico Granado. O bicho revoltado bicava a mão do Paul sem parar, mas resistimos. Levamos a ave pro deck, onde havia uma ruazinha, e soltamos o petrel em cima de um carro. Me lembro como se fosse ontem dos piados, que soavam como bronca, e, de fato, a sua expressão era de um bicho aborrecido. De repente, do nada, o pássaro alçou vôo, deu um rasante no espelho d`água - a ponto de acharmos que ele ia afundar - e começou a subir, subir, subir, subir.... até desaparecer no céu.
Foi uma cena tão gratificante - tão bom libertar uma criatura assim, que essa sensação ficou imprimida na minha alma pra sempre. Bom compartilhá-la com vocês.

Um comentário:

  1. Para ajudar é só querer. Não importa quem, nem onde, nem como. A sensação de satisfação é, realmente, o maior prêmio que podemos receber.

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