Passar os dias colhendo uvas meunier, pinot noir e chardonay para produzir champagne, com uma gente saída de um filme do Fellini, regada a muito vinho e sexo, sinceramente, me dá saudade.
Os franceses daquela parte começam o dia no bar, tomando algo diferente - um anis, ou um calvados. As 8:00 já estávamos nos vinhedos, sem café da manhã. Fazia fresco - de 10 a 15 graus. As uvas crescem baixo, pra se beneficiarem do calor irradiado do chão de calcáreo batido. Então, o dia inteiro de trabalho passa-se em posiçao recurvada ou de cócoras. O inferno/paraíso dos fisioterapeutas! Tudo a toque de caixa, porque para produzir aquele néctar, há um tempo definido pelos burocratas de Paris, a ser seguido rigorosamente. As 10 da manhã faz-se um break no meio dos vinhedos e, do nada, surge o vinho (café? chá? eca!) e algumas patisseries, algum pão, alguma fruta. O trabalho recomeça e vai até o meio dia, quando voltamos, verdes de fome, e somos muito bem servidos de entrada, carne, verdura, queijo e sobremesa, tudo regado a champagne. No final, só nos resta tirar aquela sonequinha tudo de bom. Duas horas de almoço! Gente, amo a civilização.
Quer trabalho melhor na vida? Não existe.
De tarde, tudo de novo outra vez.
Aparecia de tudo naquela terra: franceses e italianos duros, gente dos países do leste - até brasileira tinha. Um grupo foi impossível de esquecer - os polacos. Da última vez que vi, lá chegaram num BMW cor de abóbora levando litros de vodka e pickles, lápides de cemitério e uma cabeça de alce empalhada, só pra fazer uma graninha extra... e, mais espantoso ainda, eles de fato fizeram! Eclética, a combinação genética: pai gigante, mãe metida a francesa, filho manhoso, filha bonequinha, genro casca grossa - aliás, é dele a receita em anexo - todos num quarto tocando o rebu e bebendo sem parar.
E no dia seguinte... eram eles que davam mais duro e trabalhavam mais rápido.
E como tudo o que é bom tem um fim - o outono e a vindange também... fomos pra Bélgica, e de lá, pra Holanda... e de lá, para as Ilhas Canárias.
Porque navegar é preciso, mas viver... não é preciso.
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