Las Palmas de Gran Canaria, uma ilha inteira de ar seco e pacotes turísticos.
A regata que cruzaria o Atlântico partiria em duas semanas após a nossa chegada. A maioria dos tripulantes já tinha encontrado o seu lugar e em todos os cantos do cais, ninguém se dispunha a levar um tripulante - que o diga dois!
Cabe explicar que essa regata é só uma desculpa para os europeus donos de barcos fazerem a mesma viagem aproveitando os ventos alíseos. Ela não envolve competição alguma.
Após vários dias de tanto caminhar e perguntar, conhecemos um cara que aceitou levar um de nós. O barco tinha sido construído em Hamburgo pelas próprias mãos do proprietário-capitão, de Frankfurt.
O Paul preferiu ficar e me embarcar. Mais tarde, vi que era a decisão mais correta, pois ele só conseguiu partir um mês depois.
O Paul preferiu ficar e me embarcar. Mais tarde, vi que era a decisão mais correta, pois ele só conseguiu partir um mês depois.
Eu tinha acabado de fazer 22.
Celulares não existiam. Tampouco tínhamos endereço fixo. Estávamos ao sabor da sorte, e provavelmente nunca mais nos veríamos.
O capitão alemão já tinha dois tripulantes a bordo, de Berlim. Naquela época ainda existia o Muro. Ele explicou num inglês rude que desejava que eu cozinhasse. Boa, pensei. Ele nos deixou dormir a bordo, e achamos aquele gesto bastante amigável.
Uns dias antes de partir, o capitão me levou ao El Corte Ingles para abastecer o barco para a viagem de um mês. Voltamos com dois carrinhos cheios de latas e batatas, e outros dois repletos de vinho de caixa.
Lembro de ter ficado bastante espantada com aquilo, mas poxa, pensei, é a natureza europeia.
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