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7 de outubro de 2011

Em círculos

Janeiro de 89. A bordo do Jarushke, um barco de 53 pés construído na África do Sul, fizemos a rota Natal-Vitoria-Rio-Cape Town com o capitão Zeca Martino, como se fizéssemos círculos. A bordo, aprendemos a criar brotos, fizemos pão fresco, ouvimos muita música e interagimos. Foi uma travessia maravilhosa.
No entanto, na primeira perna da viagem, o barco quase afundou porque havia um grande furo no compatimento da âncora. Ficamos bem estressados (e enjoados) com aquele bombeamento intenso - bombas elétricas falham SIM - mas ao final foi tudo resolvido: o Zeca mergulhou, encontrou o furo e o tapou. O quadrante do leme também rachou no meio do Atlântico, o que tornou a cana do leme bem pesada. Éramos 3, e eu rapidamente me cansei dos quartos longos. Mas porque tínhamos ventos estáveis de popa, o Zeca simplesmente apareceu com sua revolucionária invenção, chamada de "piloto automático", a qual consiste em um elástico preso a um lado da cana, e a escota da genoa bem ajustada, presa ao outro lado da cana, e nós 3 arriscamos e nos demos duas noites de sono muito bem merecido. 
Também tivemos uma interação fantástica com uns pássaros que chamávamos de  "bailarinas", porque pareciam dançar no topo das ondas, e nos seguiam o tempo todo. Os albatrozes de sobrancelha também. Dizemos que eles são as almas dos marinheiros que perderam a vida no mar.
Os Albatrozes são impressionantes, porque têm a maior envergadura de asas existente entre os pássaros, chegando a 3,5 metros. Seus bicos são fortíssimos. Essas criaturas levam muito tempo para amadurecer sexualmente, e mantêm uma única relação monogâmica por toda a vida. Os Albatrozes retornam muitas vezes a sua colônia original para procriar, e fazem seus ninhos em ilhas isoladas sem histórico prévio da presença de mamíferos. Eles cuidam muito bem e por muito tempo de seu ovo - põem um por estação reprodutiva - e seus filhotes crescem até um ano para arriscarem o primeiro vôo. Albatrozes voam por enormes distâncias - às vezes circumpolares - pois eles conseguem planar facilmente, sem gastar muita energia. Eles vivem até 50 anos.
Das 21 espécies conhecidas pelo homem, 19 estão em extinção.
Hoje, o Zeca faz charter entre Natal e Fernando de Noronha no seu Borandá.


Um comentário:

  1. Nada como um tópico escrito por uma bióloga. Parece documentário do NatGeo. bj

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