Mesmo com uma natureza de raízes, há gente que não sossega - tem bicho carpinteiro. Então, nada de ficar na terra-pai, Portugal: sempre em frente.
Em locais com montanhas marcantes, como o Cabo e o Estreito de Gibraltar, ambos habitados por babuínos, a natureza é selvagem, fala muito forte. Nesses cabos, estreitos e istmos milenares, a história está no ar. O Cabo da Boa Esperança divide o Oceano Atlântico do Índico. O Cabo Horn marca as terras austrais, e separa o Atlântico do Pacífico. Em Gibraltar, vê-se a África da Europa, a olho nu. Quando estiver num lugar assim, respire e sinta o cheiro daquele ponto estratégico, e belo, um genuíno divisor de águas. É uma forma de apreciar a natureza.
Assim fomos até Cadiz, onde vi que na Espanha, as pessoas - crianças, idosos e jovens - amanhecem à noite.
Ali desembarcamos do Álibi e entramos a bordo de um barco de bandeira francesa por dois dias. Dentre os tripulantes havia um casal de franceses com um bebê de 6 meses. O menino acordava rindo. A mãe era médica, mas também mochileira. No barco, passeavam com ele para cima e para baixo, sustentado por um cinto. Quando os famosos golfinhos de Gibraltar vieram brincar na proa, o menino ria sem parar: parecia entender os sons deles. Os golfinhos também sorriam. Eu vi.
Incrível, extraordinária, imensa natureza, essa, que nos oferece a dádiva de interagir com golfinhos - o único animal, além do homem, que brinca quando adulto.
E, com essa forte impressão, cheguei a Majorca.
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